Fortuna, polêmicas e vida política
[Editado por: Marcelo Negreiros]
Donald John Trump é um dos homens mais poderosos do mundo. O fato de ter sido o 45º presidente da história dos Estados Unidos impulsionou a força dele. A carreira bem-sucedida como empresário, a popularidade catapultada pela TV e a fortuna completam o enredo que define e explica a influência de Donald Trump, de 78 anos.
Nascido em Nova York, em 14 de junho de 1946, Trump carrega uma biografia recheada de dinheiro, glórias e polêmicas. No momento, ele busca algo que conhece bem: ser o presidente dos Estados Unidos. Por sinal, a presidência dele, de 2017 a 2021, ainda ecoa. O magnata não saiu da cena política americana e faz questão de personificar um discurso forte, que angaria adeptos, mas também contribui para ser visto como uma figura controversa.
Infância e formação de Donald Trump
De família bem-sucedida de Nova York, Donald John Trump expandiu os negócios do pai, Frederick, empresário do ramo imobiliário. A construção civil, assim, garantiu uma fortuna para a família Trump.
Conhecido como Fred Trump, o pai do 45º presidente dos Estados Unidos fez riqueza construindo casas para a classe média e baixa. Prodígio, Frederick se aproveitou de programas de habitação do governo para fazer a empresa decolar.
A história recheada de polêmicas do perfil Donald Trump também tem um capítulo que envolve o pai. É que o ex-presidente norte-americano refutava a imagem de herdeiro, com o discurso de que construiu a fortuna sozinho.
Trump declarou que havia recebido 1 milhão de dólares (R$ 5,6 milhões, na cotação atual) do pai, como empréstimo que pagou com juros, para começar os negócios. Contudo, reportagem do “New York Times”, de 2018, apontou que Donald recebeu do pai uma fortuna na casa dos 400 milhões de dólares (R$ 2,2 bilhões, na cotação atual). Inclusive, com a acusação de que se valeu de “esquemas fiscais duvidosos” e “métodos fraudulentos” neste caminho. A família foi acusada de sonegar milhões de dólares em impostos.
Na trajetória até o sucesso empresarial, Donald estudou em escolas particulares até Frederick transferi-lo para um internato militar em função do comportamento “desafiador” e “indisciplinado” do filho. Casado três vezes, Trump possui cinco filhos e um patrimônio total, segundo a Revista “Forbes”, de 6,6 bilhões de dólares (R$ 37,1 bilhões), o que o coloca entre as 500 pessoas mais ricas do mundo.
Donald Trump é formado em Economia pela Wharton School da Universidade da Pensilvânia. Ele começou a trajetória no ensino superior na Universidade de Fordham, em Nova York, mas se transferiu para a Pensilvânia e se graduou em 1968. Então, entrou para o negócio da família.
A carreira empresarial do magnata
O “time” da “Elizabeth Trump e Son” recebeu o reforço de peso de Donald. A empresa levava o nome da avó de Trump e logo se expandiu. O jovem empresário fez parcerias e enveredou para investimentos em empreendimentos hoteleiros. Assim, em 1983, a Trump Tower, em Nova York, virou um símbolo especial na trajetória do ex-presidente dos Estados Unidos.
A Trump Tower conta com 58 andares e virou a sede do escritório de Trump. O arranha-céu, revestido de vidro espelhado, está localizado na Quinta Avenida. Lá, em 2015, ele anunciou que seria candidato à presidência dos Estados Unidos.
O símbolo de Trump, contudo, também é envolvido em polêmica. O Estado de Nova York condenou o ex-presidente, em fevereiro deste ano, por manipulação de patrimônio líquido para enganar credores e seguradoras. Assim, ele correu o risco de ver a Trump Tower confiscada. Em abril, o ex-presidente pagou fiança de 175 milhões de dólares (R$ 989,7 milhões, na cotação atual) para recorrer da condenação por fraude civil. Desta forma, ele impediu o confisco de bens e o congelamento da conta bancária.
A Trump Tower é marcante na trajetória empresarial do ex-presidente. Em 1973, ele assumiu a presidência da empresa do pai. Não demorou a dar uma “nova cara” ao negócio da família. Assim, nasceu a “Trump Organization”, nome que ele rebatizou a “Elizabeth Trump e Son”.
A “Trump Organization”, então, mostrou o cartão de visitas em um empreendimento grandioso: a remodelagem do Hotel Commodore, que virou o Grand Hyatt. Rapidamente, Donald Trump se estabeleceu no cenário do mercado imobiliário, aumentando a conta bancária. A Trump Tower, por exemplo, rendeu ao empresário 300 milhões de dólares (R$ 1,6 bilhão, na cotação atual). E também gerou controvérsia.
O ex-presidente foi acusado de usar mão de obra imigrante ilegal na construção da Trump Tower, pagando salários baixos (metade da tabela dos trabalhadores sindicalizados) para uma jornada de trabalho extensa. O processo se arrastou na Justiça por cerca de 15 anos. Em 2017, ele indenizou trabalhadores poloneses que ajudaram na demolição do prédio que deu lugar a Trump Tower.
Antes, em 2015, um artigo publicado pelo “The Washington Post” apontou que Trump usou imigrantes ilegais na construção de um hotel em Washington. Um ano depois, na corrida presidencial, a então candidata democrata Hillary Clinton acusou o rival de usar imigrantes ilegais. Donald Trump negou.
– Não utilizei nem um por duas razões. Número um, porque eu não quis. E número dois, estou concorrendo à presidência. Por que faria isso? – declarou Trump, na ocasião.
Após o sucesso da Trump Tower, o empresário ampliou os negócios e chegou ao entretenimento. Ele adquiriu um cassino em Atlantic City, em 1984. No mesmo ano, na Flórida, fez um clube para ricos.
O magnata, assim, viveu anos de ouro, mas logo precisou lidar com um revés. Donald Trump comprou o projeto do cassino Taj Mahal, em Atlantic City. O projeto era audacioso, com o custo de 1 bilhão de dólares (R$ 5,6 bilhões, na cotação atual) para a construção. Além do valor elevado, Trump viu um financiamento malfeito complicar a situação do empreendimento. Assim, em 1991, levou o projeto do cassino para recuperação judicial.
A solução, então, foi renegociar as dívidas com os bancos. Ele conseguiu dividir as perdas e entregou 50% do negócio aos credores, além de uma companhia aérea, a Trump Shuttle, e um iate.
Ao longo da caminhada como empresário de sucesso, Trump não se furtou a explorar a possibilidade de recuperação judicial, algo que utilizou em seis ocasiões. O cassino Taj Mahal viveu “outra experiência” neste sentido. O magnata readquiriu o local em 1996. Oito anos depois, com uma dívida de 1,1 bilhão (R$ 6,2 bilhões, na cotação atual), o empresário acionou uma nova recuperação. Assim, dividia prejuízos e poupava uma fortuna.
Donald Trump, em entrevista à revista “Newsweek”, admitiu que “jogava com as leis da recuperação judicial” porque “eram muito boas para ele”. Contudo, perdeu acesso a créditos e usou o licenciamento do sobrenome para alavancar os negócios. Colecionou sucessos e também decepções, como a “Universidade Trump” e o “GoTrump.com”, site de buscas de passagem e hospedagem.
Carreira na mídia
Na década de 90, o magnata abraçou de vez o mundo do entretenimento, um aspecto importante no perfil Donald Trump. Ele comprou a franquia do concurso Miss Universo. Por sinal, também carrega polêmicas. Em 2016, na eleição presidencial, Hillary Clinton questionou o tratamento do adversário a Alicia Machado, vencedora em 1996. Trump chamou a venezuelana de “repugnante”.
A tacada mais marcante de Donald Trump no mundo do entretenimento aconteceu em 2004. Em janeiro, “The Apprentice” (O Aprendiz) chegou à televisão e o magnata estreou como apresentador de TV.
O programa consistia em uma disputa entre executivos, que almejavam um posto em uma das empresas de Trump. O magnata, por sinal, julgava os participantes, sempre com uma postura “implacável”, fruto do poder conquistado como homem de sucesso. Assim, uma dura frase se transformou em bordão: “You’re fired” (você está demitido, na tradução) virou uma marca de Trump. Era desta forma que eliminava os participantes.
O programa fez muito sucesso e, inclusive, recebeu três indicações ao Emmy, prêmio de muito prestígio que é dado a programas e profissionais de TV. Ao todo, “The Apprentice” teve 14 temporadas e impulsionou ainda mais a imagem de Trump. O magnata, assim, virou uma figura pública ainda mais badalada, o que ajudou na carreira política e explica o tamanho da influência que tinha antes mesmo de chegar à presidência dos EUA.
Contudo, “The Apprentice” agora é uma dor de cabeça para Donald Trump. Isso porque é o nome de um filme sobre o ex-presidente, que retrata os primeiros anos do empresário no ramo imobiliário. Em maio, a campanha de Trump anunciou que irá processar os idealizadores do longa, lançado no Festival de Cannes, na França.
O filme conta com uma cena de estupro, em que Trump violenta a modelo Ivana Trump, ex-esposa, falecida em 2022. Ivana chegou a acusar o ex-marido de estupro no processo de divórcio, mas retirou a acusação depois.
– Esse lixo é pura ficção, que faz um escândalo de mentiras que há muito foram desmentidas – declarou Steven Cheung, diretor de comunicação da equipe de Trump.
Donald Trump tentou barrar a exibição do filme nos Estados Unidos. Contudo, o longa deve estrear no país no dia 11 de outubro, perto da data das eleições EUA 2024 para a presidência.
A trajetória política de Donald Trump
O empresário começou a “flertar” com a política americana mais fortemente em 1999. Na ocasião, ele estudou concorrer à presidência dos EUA e montou um comitê eleitoral. Entretanto, recuou. Posteriormente, nas eleições de 2004 e 2012, foi procurado por partidos políticos, mas não levou o interesse para a frente.
Por falar em partidos, o republicano Trump tem histórico no Democrata, além do Partido Reformista. Ele chegou a se registrar no “principal rival” político. Contudo, ele se consolidou no Republicano.
Donald Trump ganhou ressonância maior no contexto político norte-americano como um dos principais críticos do governo de Barack Obama, que governou os Estados Unidos de 2009 a 2017. O então empresário atacava temas como imigração, impostos, guerras no Oriente Médio e a reforma do sistema de saúde. Além disso, deu voz a um boato de que Obama não teria nascido no país, o que foi desmentido com documentos oficiais.
Em 2015, na Trump Tower, Donald Trump anunciou que seria candidato à presidência dos EUA. Contudo, não foi levado a sério pela mídia norte-americana e nem tampouco pelo Partido Republicano.
Com o slogan “Make America Great Again” (algo como Faça os EUA grandes novamente), Trump abraçou temas conservadores e nacionalistas, apostando na figura de empresário bem-sucedido e com o “status” de “outsider”, alguém que construiu a carreira fora da política.
Rapidamente, o nome de Trump decolou no contexto eleitoral. Ele ultrapassou Jeb Bush (filho de George H. W. Bush e irmão de George W. Bush, ex-presidentes dos EUA) nas pesquisas e assumiu a liderança das intenções de votos entre os republicanos. O empresário, então, virou favorito do partido e confirmou a condição nas primárias do Republicano. Assim, ele virou o adversário de Hillary Clinton.
A corrida eleitoral foi tensa e marcada por polêmicas. Uma delas foi a interferência da Rússia na disseminação de conteúdo falso nas redes sociais. Por falar nas mídias digitais, Trump apostou em uma forte presença nas redes sociais, especialmente no “Twitter”, que depois virou o “X”, para alavancar sua campanha. A ideia era engajar o público que buscava, além de enfraquecer a rival.
Outra controvérsia da disputa foi o fato de e-mails da equipe de campanha de Hillary terem sido hackeados. Além disso, o FBI foi acusado de interferência política e também houve questionamentos sobre aproximação com russos para potencializar os ataques à adversária.
Trump lidou com uma série de críticas na campanha, especialmente em função de falas consideradas racistas, machistas e xenófobas. Além disso, viu surgir uma nova polêmica. Em outubro de 2016, Jessica Drake, atriz pornô, acusou o candidato de beijá-la sem consentimento. Jessica afirmou que recebeu 10 mil dólares (R$ 56,5 mil, na cotação atual) para um jantar e uma festa com Donald Trump, em 2006. O empresário não confirmou a história.
Em 2016, o então candidato criou polêmica ao afirmar que construiria um muro na fronteira com o México, com o objetivo de impedir a imigração. Além disso, declarou que deportaria 11 milhões de imigrantes.
A política de Trump para conter a imigração ilegal foi uma das principais pautas da campanha do empresário, bem como preocupações quanto ao terrorismo e à economia norte-americana.
Embora visto como azarão, Donald Trump superou Hillary Clinton e conquistou maior número de delegados, enquanto a rival teve mais votos totais, mas perdeu no Colégio Eleitoral. Assim, no dia 8 de novembro de 2016, ele fez história e ganhou a corrida presidencial. Ele tomou posse no dia 20 de janeiro de 2017.
Mandato como Presidente dos EUA
Eleito, Trump não demorou a mostrar a postura que adotaria na gestão. Além de desfazer políticas e acordos firmados por Obama, o 45º presidente dos EUA retirou o país do Acordo de Paris, o que contribuiu para a imagem de negacionista em relação ao aquecimento global.
Donald Trump também colocou em prática a diretriz “America first” (Estados Unidos em primeiro lugar). Assim, na base da imposição, aumentou impostos de importação para produtos europeus, canadenses, brasileiros, australianos e indianos. Ele declarou que a União Europeia era um dos principais adversários comerciais dos Estados Unidos e tentou deter comercialmente a China.
Na política externa, Trump viveu uma relação de “elogios e críticas” com a Rússia. Embora tenha questionado a interferência russa em países como Coreia do Norte, Síria, Venezuela e Ucrânia, o presidente norte-americano apontou Vladimir Putin como um “líder forte”.
Em 2017, Donald Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel e transferiu a embaixada norte-americana de Tel Aviv para o local, uma medida polêmica, uma vez que os palestinos reivindicam o local como capital para um futuro estado.
Outra ação polêmica de Trump se deu no Afeganistão. Ele fechou um acordo com o Talibã, em 2020, e definiu um cronograma para a retirada das tropas norte-americanas e de aliadas no país. Em troca, o Talibã se comprometeu a não permitir que planejassem ou executassem, no território afegão, ações que ameaçassem a segurança dos Estados Unidos.
A postura com o Irã foi mais rígida, com escalada de tensão, quando o presidente norte-americano ordenou, em 2020, um ataque com drone que matou Qassem Soleimani, chefe de uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã. O Pentágono culpou Soleimani por mortes de norte-americanos no Oriente Médio e afirmou que a ação foi para deter planos de futuros ataques.
Internamente, Donald Trump conseguiu indicar juízes considerados conservadores para cortes federais e para a Suprema Corte. Ele defendeu a possibilidade de a população norte-americana ter armas, o fim do aborto e também a proibição do uso recreativo da maconha.
A gestão do presidente Trump também lidou com críticas no enfrentamento da pandemia da Covid-19, uma postura que acirrou a polarização que caracterizou a gestão dele. Inicialmente, tentou minimizar a importância do problema. Além disso, um estudo da Universidade de Cornell apontou que ele foi responsável por quase 40% das informações equivocadas que circularam nas redes sociais entre janeiro e maio de 2020.
Trump, em determinado momento, adotou o discurso do “vírus chinês”. Em abril de 2020, afirmou que o uso de máscaras seria voluntário e que ele não usaria. Depois, passou a defender o uso de hidroxicloroquina como tratamento para a doença.
Assim, Donald Trump recebeu o rótulo de “negacionista”. A gestão dele na pandemia foi duramente criticada. A revista científica “Lancet” publicou um relatório, em fevereiro de 2021, apontando que 40% das mortes causadas pela Covid-19 nos Estados Unidos poderiam ter sido evitadas.
– Em vez de mobilizar a população dos EUA para lutar contra a pandemia, o presidente Trump rejeitou publicamente sua ameaça (apesar de reconhecê-la em conversas particulares), desencorajou ações à medida que a infecção se espalhava e se absteve da cooperação internacional. Sua recusa em desenvolver uma estratégia nacional agravou a escassez de equipamentos de proteção individual e testes de diagnóstico. O presidente Trump politizou o uso de máscaras e a reabertura de escolas e convocou eventos com a presença de milhares, onde as máscaras foram desencorajadas e o distanciamento físico era impossível – dizia parte do texto publicado pela revista.
O impacto da Covid-19 fez a economia norte-americana sofrer. Após um inicial fortalecimento econômico no começo do governo Trump, com a redução de impostos, os Estados Unidos pagaram o preço pela política do presidente na pandemia. Assim, o país amargou reflexos como o crescimento do desemprego e queda do Produto Interno Bruto (PIB) e demorou a se recuperar.
Controvérsias e impeachment
A administração de Donald Trump também foi marcada por controvérsias, como a investigação para apurar um possível conluio com a Rússia nas eleições americanas de 2016. O relatório apontou que a equipe de investigação carecia de provas suficientes para estabelecer que Trump obstruiu ilegalmente a Justiça.
– Embora este relatório não conclua que o presidente cometeu um crime, ele também não o inocenta – afirmou William Barr, secretário de Justiça, em 2019.
No antigo “Twitter”, Donald Trump celebrou o resultado: “Não há conluio, não há obstrução, completa e total INOCÊNCIA – exclamou.
O presidente também enfrentou momentos delicados com o Congresso. Em dezembro de 2018, por exemplo, houve uma paralisação parcial do governo federal dos EUA. Isso porque não havia acordo sobre o orçamento. De um lado, Trump queria a inclusão de verba para construir o muro para impedir a imigração ilegal, enquanto a Câmara não concordava com a ideia.
A paralisação parcial se arrastou, com cerca de 800 mil funcionários públicos sem receber salários. No dia 25 de janeiro de 2019, Trump anunciou uma “trégua”, em que uma proposta, sem a verba para a construção do muro, foi aprovada de forma provisória.
Em 2019, Donald Trump também precisou encarar um processo de impeachment. Um membro da inteligência norte-americana, de forma anônima, fez uma denúncia de que o presidente pediu para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que investigasse se Joe Biden, ex-vice-presidente, na ocasião, e que seria rival dele nas eleições de 2020, havia encerrado uma apuração sobre uma empresa em que o filho, Hunter Biden, trabalhava. Ele integrou o conselho de uma empresa de gás ucraniana.
A Câmara dos Deputados, então, iniciou uma investigação e aprovou a abertura de impeachment de Trump, com a acusação de abuso de poder e obstrução do Congresso. O julgamento durou cerca de duas semanas no Senado, de maioria republicana. Os crimes foram rejeitados.
O primeiro processo de impeachment é mais um caso para a lista de polêmicas de Donald Trump. O ex-presidente também lida como um caso de suborno de uma atriz pornô.
Em maio deste ano, Trump recebeu o veredicto de culpado de um julgamento sobre falsificação de registros de negócios. Isso para encobrir um escândalo sexual que poderia atingir a campanha presidencial de 2016. Assim, ele se tornou o primeiro ex-presidente norte-americano a sofrer uma condenação criminal.
Para o júri, o ex-presidente cometeu fraudes contábeis no pagamento a Michael D. Cohen, ex-advogado de Trump. O valor destinado a Michael, disfarçado de gastos legais comuns, era o reembolso do valor pago pelo advogado à atriz pornô Stormy Daniels para que ela não revelasse que teve um caso com o empresário em 2006. O suborno aconteceu na reta final das eleições de 2016.
Na época da condenação, Trump avisou que apelaria e atacou o julgamento, dizendo que era “manipulado por um juiz com conflito de interesses e que era corrupto”.
Eleição de 2020 e o pós-presidência de Trump
Donald Trump buscou a reeleição nos Estados Unidos. O presidente chegou fragilizado para a disputa com Joe Biden em função da crise econômica norte-americana, reflexo dos impactos da pandemia, e da condução da administração na batalha contra a Covid-19.
A derrota para Biden em 2020 fez Trump subir o tom. O presidente não reconheceu a vitória do adversário e colocou a votação em xeque. Ele, assim, passou a declarar que houve fraude.
– Todos nós sabemos por que Joe Biden está se apressando em fingir que é o vencedor e por que seus aliados da mídia estão se esforçando tanto para ajudá-lo: eles não querem que a verdade seja exposta. O simples fato é que esta eleição está longe de acabar – declarou Trump, logo após a derrota nas urnas. Os advogados do presidente, na sequência, afirmaram que pediriam recontagem de votos e que a eleição tinha sido fraudada.
Em 2020, Biden conquistou 306 votos no Colégio Eleitoral, enquanto Trump teve 232. O democrata também superou o republicano no número total de votos: 81,3 milhões, contra 74,3 milhões.
Entretanto, Trump não recuou da acusação de fraude eleitoral, o que polarizou ainda mais a política americana. Por sinal, aumentou a temperatura a ponto de eclodir um episódio histórico nos Estados Unidos: a invasão ao Capitólio, centro legislativo e local de posse dos presidentes, localizado em Washington.
No dia 6 de janeiro de 2021, manifestantes invadiram o Capitólio. O episódio aconteceu quando ocorria uma sessão que pretendia confirmar o triunfo de Biden na eleição. As cenas impressionaram, com destruição do prédio e outros atos de violência. A invasão resultou em um total de 140 policiais feridos: dois invasores e três policiais morreram.
Donald Trump se posicionou no dia da invasão. Ele publicou um vídeo defendendo a acusação de fraude nas eleições e pedindo que os manifestantes se retirassem do Capitólio. Mais de 700 invasores foram presos e indiciados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos desde então.
Já o ex-presidente teve de lidar com um novo processo de impeachment, acusado de incitar à insurreição. Em fevereiro de 2021, Trump foi absolvido no Senado. A condenação significaria a perda de direitos políticos.
Trump não se afastou do cenário político após a derrota de 2020, seja pelas polêmicas na administração ou pelo episódio da invasão ao Capitólio. Ele ainda enfrenta acusações estaduais e federais por tentar mudar o resultado das urnas.
Nome influente do Partido Republicano, Trump foi confirmado, em julho, como candidato à eleição de 2024, com J.D. Vance como vice-presidente da chapa. Por sinal, uma escolha que reforça o Trumpismo, termo que engloba as ideologias políticas e estilo de governança.
Candidatura para 2024 e promessas de campanha
A escolha de Vance, de 39 anos, dá um “sopro” de juventude e energiza a base do ex-presidente com um nome alinhado ideologicamente com ele. Para 2024, Trump “resgatou” o slogan que fez sucesso em 2016 (“Faça a América grande novamente”).
Entre as promessas eleitorais, o ex-presidente acenou para uma redução do custo de mantimentos e gasolina, cortes de impostos, recuperação de empregos e a pauta da proteção da fronteira. Neste sentido, insiste na construção do muro na fronteira com o México e prometeu “lançar a maior operação de deportação da história” dos Estados Unidos.
A campanha de Donald Trump também resgata a visão da China como principal adversária econômica e geopolítica. Assim, indica barrar importações de veículos chineses e também, gradualmente, diminuir a importação de bens essenciais da China. Na esfera da política externa, o plano de campanha de Trump aponta que vai estar ao lado de Israel na busca pela paz no Oriente Médio.
A pauta liberdade de expressão online também está na campanha de Trump. Se eleito, ele pretende “responsabilizar quem usar de forma equivocada o poder de governo para perseguir injustamente oponentes políticos.”
O projeto de Donald Trump também defende o “homeschooling” (educação domiciliar) como alternativa para a educação e promete tirar recursos de escolas que “engajem a doutrinação política inapropriada usando dinheiro pago pelo contribuinte.”
Trump, assim, acena novamente para a base eleitoral que dispõe, resgatando pautas de 2016, para a ala conservadora do eleitorado, e investindo no discurso de recuperar a economia.
Atentado durante discurso
A atual campanha presidencial de Donald Trump é marcada por um atentado. No dia 13 de julho, em um comício na cidade de Butler, na Pensilvânia, o ex-presidente sofreu um atentado a tiros. Ele foi atingido de raspão na orelha direita.
– Eu levei um tiro que atingiu o pedaço superior da minha orelha direita. Eu soube imediatamente que algo estava errado quando ouvi um zumbido, tiros e imediatamente senti a bala rasgando a pele. Sangrou muito e daí me dei conta do que estava acontecendo – postou Trump após o atentado.
O atirador, um homem chamado Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, foi morto no local. Um homem que assistia ao evento também morreu. Crooks foi identificado como uma potencial ameaça no dia do evento. Contudo, os agentes do Serviço Secreto perderam o homem de vista na multidão.
Thomas Matthew Crooks, que vivia no distrito de Bethel Park, na Pensilvânia, visitou o local do comício nos dias anteriores ao evento. Ele fez pesquisas de imagens de Trump e Joe Biden. A investigação ainda não desvendou a motivação do atirador em tentar assassinar o candidato republicano.
Segundo o sistema de votação eleitoral da Pensilvânia, Crooks estava registrado como republicano. Contudo, de acordo com a “Associated Press”, ele fez uma doação, no dia em que Joe Biden foi empossado presidente, em 2021, a um comitê que apoia os democratas.
Após o atentado, a segurança de Trump foi reforçada pelo Serviço Secreto. No primeiro evento, no dia 20 de julho, a arena fechada, em Michigan, para o comício foi completamente cercada e o público passou por detectores de metal e por uma revista detalhada. No dia 21 de agosto, ele discursou atrás de um vidro à prova de balas na Carolina do Norte.
Trump buscou capitalizar politicamente o atentado, que serviu para reforçar o discurso de “perseguição política”. O candidato republicano ficou ainda mais nos holofotes. A primeira pesquisa de intenção de votos após o incidente, realizada pela Ipsos/Reuters, apontou uma oscilação de dois pontos percentuais para cima do ex-presidente, que aparecia com 43%, contra 41% de Biden, então na corrida presidencial e que oscilou um ponto para cima. O cenário retratava um empate dentro da margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Alianças políticas e apoiadores de Donald Trump
O primeiro grande aliado de Trump nesta campanha é James David Vance, candidato a vice-presidente. Nascido e criado em Middletown, em Ohio, Vance serviu no Iraque. Ele se tornou um investidor e ganhou repercussão após a autobiografia, publicada em 2016 e denominada “Hillbilly Elegy”, fazer sucesso. Em 2022, foi eleito senador por Ohio.
O agora aliado de peso, contudo, já foi um crítico. Em 2016, Vance chamou Trump de “perigoso” e “inapto”. As “desavenças” ficaram no passado. Eles se conheceram em 2021, quando o futuro candidato a vice passou a elogiar o colega republicano. Ele defende com veemência o Trumpismo desde então.
Outro aliado importante para Donald Trump é Ron DeSantis, governador da Flórida e figura de relevo do Partido Republicano. Em janeiro, ele desistiu de concorrer à presidência e anunciou apoio a Trump.
Um movimento mais recente na direção de Trump é o de Robert F. Kennedy, sobrinho de John F. Kennedy, ex-presidente dos Estados Unidos. Ele suspendeu a candidatura independente e passou a apoiar o republicano.
Robert F. Kennedy anunciou que vai fazer parte da equipe de transição do governo, em caso de vitória de Trump. Essa aliança também rendeu uma dose de polêmica. Isso porque o ex-presidente prometeu abrir a caixa-preta do assassinato de JFK.
Além de Robert, Trump recebeu mais apoio recentemente. Tulsi Gabbard, ex-deputada e que tentou concorrer à eleição presidencial norte-americana de 2020 pelo Partido Democrata, reforçou a campanha do republicano.
Trump, assim, reforça a base eleitoral entre os conservadores e busca ganhar mais adesões. As pesquisas de intenções de voto mostravam que Robert tinha a preferência de 4% do eleitorado.
Controvérsias e processos legais
Em meio à corrida para as eleições EUA 2024, Donald Trump precisa se defender nos Tribunais. O candidato republicano, recentemente condenado por fraude contábil, enfrenta outros processos legais, além de investigações sobre os negócios.
Um julgamento pendente diz respeito ao resultado das eleições de 2020. Trump é acusado de pressionar autoridades para reverter o resultado, conspirar para fraudar os Estados Unidos e conspirar contra os direitos dos cidadãos. Ele nega ter cometido irregularidades.
No estado da Geórgia, Trump foi acusado de conspiração para reverter a derrota para Biden em 2020. A investigação começou após o vazamento de uma ligação do ex-presidente para Brad Raffensperger, secretário de Estado da Geórgia, pedindo para ele “encontrar 11.780 votos”. O ex-presidente declarou ser inocente.
O terceiro processo criminal contra Trump aborda uma possível manipulação indevida de documentos oficiais. O ex-presidente é acusado de retirar material da Casa Branca e levá-lo para a residência em Mar-a-Lago, na Flórida, depois de deixar o cargo. Neste sentido, as acusações englobam conspiração para obstruir a Justiça, retenção de documento ou registro e prestações de declarações falsas. O republicano diz ser inocente de todas as acusações.
Trump, assim, lida com “temas” sensíveis enquanto busca voltar para a presidência dos Estados Unidos e enfrentar Kamala Harris, candidata democrata, nas urnas. Em um contexto de equilíbrio nas pesquisas, cada detalhe pode influenciar o eleitorado, embora conte com uma base consolidada.
Entre polêmicas, fortuna e poder, Donald Trump parte para mais uma disputa presidencial com “capítulos abertos” e mais páginas para acrescentar a uma extensa biografia.
[Redação]
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