Estadão vê ata do Copom como puxão de orelha do Banco Central no governo Lula
Em editorial publicado nesta quarta-feira, 13, o jornal O Estado de S. Paulo escreveu que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), foi um puxão de orelha do órgão no governo Lula. O documento é referente à reunião da última semana, que definiu o aumento da taxa básica de juros no Brasil, a Selic, para 11,25% ao ano.
Além disso, o jornal destacou a importância do que entendeu ser um alerta sobre a política fiscal do governo, presente no documento. A ata ressalta que, se as expectativas de inflação piorarem, o ciclo de aumento dos juros pode se prolongar. A mensagem teria vínculo à credibilidade das medidas fiscais, entre elas, o tão aguardado pacote de cortes de gastos.
"O possível prolongamento do aperto monetário foi o principal recado do BC que, embora mais uma vez tenha evitado indicar seus próximos passos, reafirmou o compromisso de trazer a inflação para o centro da meta, de 3% ao ano", escreveu o Estadão. "Mais uma vez os integrantes do Copom frisaram que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal traz impactos deletérios sobre a potência da política monetária."
Apesar de o jornal escrever que a ata mencionou a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, com destaque a medidas de estímulos fiscais e tarifas de importação, também colocou que o foco do documento permaneceu nos desafios internos do Brasil.
"A desancoragem das expectativas 'é um fator de desconforto comum a todos os integrantes do comitê' é outra mensagem direta de que a mudança no comando do banco a partir de janeiro, quando a presidência será ocupada por Gabriel Galípolo, indicado de Lula da Silva, não significará uma alteração de rota", escreveu o Estadão.
Desafios econômicos do governo Lula
A inflação acumulada em 12 meses atingiu 4,76% e superou o teto da meta de 4,5% para 2024. Embora haja sinais de moderação em alguns indicadores econômicos, como comércio e rendimentos, a economia ainda não apresenta uma mudança clara de trajetória.
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O consumo continua aquecido em razão do mercado de trabalho forte, aumento real dos rendimentos e programas de transferência de renda. Entretanto, a produtividade não acompanha esse crescimento, o que resulta em inflação de demanda.
A inflação dos serviços está além do desejado, e o Banco Central seguirá atento à relação entre salários e preços, apesar do desconforto manifestado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Política fiscal rigorosa
O documento também enfatiza a importância de uma política fiscal rigorosa para fortalecer a eficácia das medidas monetárias. O Banco Central alerta que, sem controle fiscal adequado, a única ferramenta disponível para controlar a inflação será manter a Selic em altos níveis. Isso abertamente desagrada ao governo.
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O Banco Central observa que uma redução estrutural nos gastos pode incentivar o crescimento econômico a médio prazo. A mensagem, segundo o Estadão, é clara: medidas fiscais sólidas são essenciais para estabilizar a dívida e restaurar a confiança dos investidores.
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