Com o dólar acima de R$ 6, Copom deve intensificar aumento da taxa de juros
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira, 11. Espera-se que ele acelere novamente a elevação da taxa de juros, em decorrência também da alta do dólar. A decisão será anunciada depois das 18h. Na última reunião, em novembro, o Copom aumentou a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual, e fixou-a em 11,25% ao ano.
As projeções do mercado financeiro, com base no relatório Focus do Banco Central, indicam que a Selic pode subir para 12% ao ano nesta reunião, o que representaria um aumento de 0,75 ponto porcentual.
Contudo, muitos contratos de opções, que funcionam como uma espécie de aposta no futuro da taxa, indicam uma expectativa de aumento maior. Esses contratos embutem uma elevação de um ponto porcentual, o que levou a Selic para 12,25% ao ano.
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Esse seria o nível da taxa de juros em janeiro de 2023, no início do governo Lula. Se confirmado, esse será o terceiro aumento consecutivo e o maior desde março de 2022, quando a taxa subiu um ponto porcentual.
Ajuste fiscal gerou frustração em analistas
A decisão ocorre em um contexto de crescente incerteza econômica e maior aversão ao risco. Essa pressão vem tanto de fatores externos quanto de um ajuste fiscal. Esse ajuste fiscal gerou frustração entre analistas independentes. No dia 28 de novembro, a equipe econômica do governo Lula (PT) anunciou um pacote com propostas de cortes de gastos. As medidas incluem a limitação do salário mínimo e mudanças no acesso ao abono salarial e à aposentadoria dos militares.
Enquanto isso, o dólar continua subindo. Até o início de dezembro, ele acumulou uma valorização de mais de 25% em 2024. Esse aumento da moeda norte-americana impacta diretamente a inflação, e pressiona os preços no Brasil.
A variação cambial afeta a economia de várias maneiras. Uma delas é por meio da importação de produtos e insumos. Outra forma é ao ajustar os preços internos aos praticados no mercado internacional. De acordo com um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), a alta do dólar tem efeitos significativos na inflação, especialmente em setores ligados a produtos importados.
Alta do dólar está relacionada à incerteza sobre gastos públicos
A alta do dólar também está relacionada à incerteza sobre o controle de gastos públicos. Além disso, a política monetária dos Estados Unidos também contribui para a valorização da moeda. Com juros mais elevados nos Estados Unidos, o dólar se valoriza mais no Brasil.
No Brasil, o Banco Central adota uma visão prospectiva. A instituição considera o impacto das mudanças na Selic ao longo de seis a 18 meses. No momento, a meta de inflação para 2024 está definida em 3%, com uma margem de variação de 1,5% a 4,5%.
Com as projeções de inflação mais altas para 2024 e 2025, o impacto da taxa de juros mais alta será sentido em várias áreas da economia. Entre os efeitos estão o aumento das taxas de juros bancárias, o que encarece o crédito, o impacto negativo sobre o crescimento econômico e as dificuldades para investimentos produtivos.
Além disso, os juros mais elevados aumentam os gastos com a dívida pública. Esses gastos somam R$ 869 bilhões, ou 7,57% do PIB, o que agrava a situação fiscal do país.
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