Haddad: governo revogou medidas do Pix para ‘tirar a arma do inimigo’
[Editada por: Marcelo Negreiros]
O governo Lula comete um erro atrás do outro, comunica-se mal e se trumbica, é obrigado a ceder e recuar a cada anúncio e faz a festa da oposição. A revogação da mudança no Pix não é caso isolado, é mais um no longo processo de planos e projetos lançados, mal explicados e geradores de crises que começam com detalhes e acabam em desastres. O governo perdeu triplamente: ao não explicar a medida devidamente, ao revogá-la de supetão e por, apesar do imenso desgaste, não conter a onda de ataques.
Fica evidente o quanto o presidente Lula e sua equipe estão despreparados para enfrentar a guerra da comunicação, sobretudo na seara digital, e a oposição tem método, recursos, quadros, inteligência, abrangência e malícia de sobra para identificar o ponto fraco e potencializá-lo em fake news e manipulação. E não é exclusividade do Brasil. Assim como a direita transformou uma mudança burocrática no Pix em ataque ao bolso e aos direitos individuais dos cidadãos, Donald Trump sacudiu as redes para transformar o uso de emails particulares de Hillary Clinton para mensagens funcionais como um grande escândalo de corrupção. Cá pra nós…
“Esse Nikolas Ferreira é só uma peça na engrenagem”, definiu num telefonema de quarta-feira à noite o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que é mais uma vez réu e vítima dos erros do governo, acaba como o grande derrotado e já começa a ser chamado de “Highlander, o guerreiro imortal”, que morre uma vez, duas, três vezes, mas está sempre vivo. Só não se sabe até quando.
Ferreira, deputado federal mais votado em 2022, aos 26 anos, fez fama e carreira política à custa de uma presença avassaladora na internet, logo capturada pelo então presidente Jair Bolsonaro. Foi ele, Ferreira, quem emprestou rosto, voz e visibilidade para um vídeo do bolsonarismo demolidor contra a mudança do Pix e o próprio governo. Não é exatamente fake news, é o que foi a campanha contra Hillary: manipulação de mentes e corações a partir de um dado da realidade. Do ponto de vista da eficácia, perfeito. Do ponto de vista da democracia, preocupante.
Segundo Haddad, o governo “chegou ao consenso para revogar as mudanças no Pix para tirar a arma do inimigo”, ou seja, desistiu do projeto para parar de apanhar e ter um pouco de sossego. Tarde demais. Apanhava com o projeto e continua apanhando sem ele, além de passar a ser ridicularizado por ter jogado a toalha. Se Trump teve 56 milhões de visualizações na internet ao ser eleito mais uma vez nos EUA, Nikolas Ferreira chegou a quase 300 milhões. O Brasil inteiro tem 223 milhões de habitantes.
Se tudo já estava lamentável, assustador, piorou com um vídeo patético do Banco Central para tentar neutralizar a bomba atômica do bolsonarismo. Só deixa mais evidente que o governo, Lula, seus ministros, assessores e aliados estão perdidinhos da Silva. Não tem nem armas analógicas, quanto mais digitais na guerra política e ideológica deste 2025.
Simultaneamente, recua no caso do Pix, cede à pressão dos governadores bolsonaristas no Pacote da Segurança, está no alvo pela renegociação das dívidas dos Estados, e enfrenta um Congresso que está naquela: “vem quente que estou fervendo”. Tudo isso com a Meta relaxando o monitoramento das fake news e unindo-se ao X, todos embolados com Trump. Não temos nada a ver com isso? Você nem imagina o quanto!
[Por: Estadão Conteúdo]
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