Em ata, Copom mostra a Lula que não pode controlar sozinho a inflação, diz Estadão
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Na ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central (BC) enviou um recado taxativo ao governo que poderia ser resumido em uma frase: sozinho, o BC não terá como controlar a inflação. É o que destaca o jornal O Estado de S. Paulo em editorial desta quarta-feira, 5.
No texto, a autarquia deixou claro que o que mais tem dificultado sua tarefa são fatores internos, como o ritmo intenso de crescimento da demanda, em particular o consumo das famílias, estimulado por concessão de crédito, política fiscal expansionista e mercado de trabalho aquecido.
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em negociação com os bancos, busca fórmulas para incrementar ainda mais o crédito com incentivo de empréstimos consignados, o Copom adverte para os riscos de uma economia sobreaquecida e antecipa a possibilidade de descumprimento da meta de inflação em junho, “sob a nova sistemática do regime de metas”.
Como se sabe, está em vigor o sistema de avaliação contínua e, caso o alvo (com seus intervalos de tolerância) não seja alcançado por seis meses consecutivos, as razões precisam ser explicitadas, assim como as medidas e o prazo para recolocar a inflação na meta.
Ata do Copom teve tom mais "duro" que comunicado sobre juros
A ata do Copom – em tom bem mais "duro" do que o do comunicado divulgado logo depois da reunião de janeiro que elevou em um ponto porcentual a taxa básica de juros, para 13,25% ao ano – acentuou o descompasso entre as políticas fiscal e monetária, que seguem divergentes, quando deveriam ser “harmoniosas”, com políticas “previsíveis, críveis e anticíclicas”.
Sem rodeios, o documento enfatizou que “o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária”.
"No trecho acima está um dos recados mais veementes passados pelo BC ao governo", afirma o Estadão. "Ou seja, sem uma política econômica que contribua para o controle inflacionário, por mais contracionista que seja, a política monetária será ineficaz para garantir o poder de compra do real. Ou a desinflação terá de ser feita a um custo muito alto para a atividade econômica."
"Diante de mensagens tão fortes da primeira reunião comandada por Gabriel Galípolo como presidente do BC, soam impróprias as declarações de governistas que tentaram colocar integralmente na conta do antecessor, Roberto Campos Neto, a subida dos juros, incluindo o próprio Lula da Silva, que disse que seu escolhido não poderia 'dar um cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra'", acrescenta o jornal.
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O Copom não deu pistas sobre orientações futuras para os juros além das duas altas de 1 ponto porcentual indicadas na reunião de dezembro, uma em janeiro e outra em março, o que elevará a Selic para 14,25%. Para a reunião de maio, houve apenas a citação de que o aperto monetário dependerá da evolução da dinâmica da inflação.
"Mas o vigor da ata de janeiro torna difícil a Galípolo uma eventual mudança de rota em direção à queda de juros pretendida por Lula", conclui o texto. "Resta saber se continuará a contar com a complacência do chefe."
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