Oposição espera que governo Trump coloque “freio” em Moraes
Após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma das esperanças da oposição é que a administração de Donald Trump coloque “freio” nas ações de autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O magistrado é o relator do inquérito que investiga suposto plano de golpe de Estado no Brasil, em 2022.
Bolsonaro denunciado
- Na terça-feira (18/2), Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas foram denunciadas por tentativa de golpe de Estado, em 2022.
- O ex-presidente é apontado como o líder da organização que tentou impedir Lula de chegar ao poder.
- A decisão sobre abrir ou não ação penal contra os denunciados está agora nas mãos do STF. Moraes é o relator do caso.
Principal articulador entre a oposição brasileira e parlamentares norte-americanos críticos de Moraes, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) está nos EUA para participar da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC). O filho de Jair Bolsonaro já sinalizou que as denúncias contra o pai, bem como uma possível interferência da administração Biden nas eleições do Brasil, vão ser temas centrais de sua passagem pelo evento conservador.
“Eu vou fazer essa denúncia aqui nos EUA também”, disse o filho do ex-presidente durante live, na terça-feira (18/2), com o blogueiro Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura João Baptista Figueiredo. Paulo também foi denunciado pela PGR junto de outras 33 pessoas.
Caso USAID e freio contra Moraes
No Brasil, opositores têm ecoado acusações de Trump e Elon Musk contra a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) para minar o governo Lula e o último pleito presidencial no Brasil.
A agência, responsável pela maior parte da ajuda humanitária ao redor do mundo, é acusada de interferir na política de alguns países por meio de financiamentos, incluindo o Brasil nas eleições de 2022. A polêmica surgiu após um ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA ser entrevistado pelo conselheiro de Trump, Steve Bannon, e fazer as acusações – sem provas concretas.
Depois da denúncia da PGR contra Bolsonaro, Paulo Figueiredo acusou Alexandre de Moraes de ter tido suporte da administração de Joe Biden para sustentar suas decisões, vistas pela oposição como desproporcionais e autoritárias.
“Todo mundo olhava e falava: ‘Quem é o chefe do Alexandre?’”, disse Paulo Figueiredo durante live com Eduardo Bolsonaro. “Hoje nós sabemos. O Alexandre fazia todas essas coisas porque ele tinha o suporte da administração Biden, ele tinha o suporte financeiro dos EUA.”
Na mesma transmissão, Eduardo Bolsonaro disse acreditar que autoridades norte-americanas podem mirar homólogos no Brasil e aplicar retaliações com a ajuda de parlamentares ligados à Donald Trump.
“Não desejo maldade para ninguém, mas determinadas pessoas só vão conseguir ter um freio, já que elas não têm um freio moral e legal, elas vão ter que ter um freio físico”, disse Eduardo na transmissão. “E eu estou falando aqui em relação ao que os Estados Unidos podem fazer com essas autoridades brasileiras que estão abusando do poder já faz um tempo.”
Na visão do parlamentar, tais retaliações pode acontecer por meio de sanções econômicas ou proibição de que tais autoridades entrem nos EUA. Propostas semelhantes já foram apresentadas por congressistas norte-americanos, com quem Eduardo Bolsonaro se reuniu na última semana.
Apesar de movimentos nesse sentido ainda não terem avançado na política dos EUA, o ministro do STF se tornou alvo de ação apresentada pela rede social Rumble, junto de uma empresa vinculada a Trump. A justificativa é de que a decisão de Moraes — de ordenar o bloqueio do perfil do blogueiro Allan dos Santos na rede social – viola a liberdade de expressão e a soberania norte-americana.
[Metrópoles]
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