O secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia, alertou as delegações internacionais sobre a necessidade de “baixar as expectativas” em relação à infraestrutura de Belém, sede do evento. Ele destacou que a capital paraense não possui a mesma estrutura de Baku, no Azerbaijão, onde ocorreu a COP-24.

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Correia destacou que a hospedagem para a conferência, entre 10 e 21 de novembro, é uma preocupação e que estão buscando “sensibilizar” a rede hoteleira sobre os preços abusivos praticados.

“Não há nenhum segredo sobre os valores abusivos que têm nas diárias, que a gente está tentando sensibilizar toda a rede hoteleira”, afirmou em coletiva na quarta-feira 19. “Estamos fazendo vários diálogos, conversas. Pretendemos intensificar um pouco mais isso como Estado para poder alertar, inclusive, sobre o problema de abusividade desse tipo de oferta.”

Os preços casas para locação e de hotéis chegaram a valores exorbitantes. Isto tem dificultado para as delegações estrangeiras efetuarem reservas em Belém.

O governo sugere que as delegações diminuam o número de membros e que os chefes de Estado cheguem antes do início da COP30, entre os dias 5 e 7 de novembro.

“É como o presidente Lula fala, as delegações precisam baixar a expectativa porque Belém ou qualquer outra cidade aqui não é uma Dubai, que não é uma Baku.”

As críticas em relação à capacidade hoteleira têm ocorrido. Ele ressalta, porém, que estas “sugestões” não são uma “orientação” do governo brasileiro, mas uma “reflexão” proposta aos países.

Para diminuir a pressão sobre os preços, relata o jornal O Estado de S. Paulo, o Brasil acertou com a Organização das Nações Unidas (ONU) para que os líderes de Estado cheguem ao país antes do início da cúpula.

A expectativa é a de que a chegada ocorra entre 5 e 7 de novembro. “O chefe de Estado não vem sozinho, vem com as suas comitivas. Isso reduz bastante, estatisticamente falando, alivia bastante essa pressão na rede hoteleira”, comentou.

Também deverá ser criada, em março, uma plataforma para cadastrar imóveis residenciais, apartamentos e hotéis que serão disponibilizados aos participantes credenciados para o evento. Serão disponibilizadas ainda dois navios para servirem de acomodação.

Sugestões de Lula para a COP30

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou na semana passada sobre esta questão. Admitindo as dificuldades, ele afirmou que a COP30 será realizada em Belém “do jeito que for”. Ele estava na capital paraense para a entrega de unidades do Programa Minha Casa, Minha Vida.

“Se não tiver hotel cinco estrelas, durma em um de quatro”, declarou o presidente. “Se não tiver de quatro, durma em um de três. Se não tiver de três, durma na estrela do céu do mundo, olhando para o céu, que vai ser maravilhoso.”

O presidente ainda completou:

“A COP é um evento da ONU. E a ONU escolheu o Brasil, que escolheu o Pará, que escolheu Belém. ‘Ah, mas em Belém não tem hotel.’ É bom que não tenha. É bom que eles tomem picada de carapanã.”

: “COP30 vai ter como sede a ‘cidade dos favelados’”

Outra sugestão do secretário foi para que as delegações tenham o “bom senso” para evitar reservar andares inteiros ou hotéis completos.

“Nós estamos pedindo bom senso também nisso”, afirmou ele.

Até agora, pelo menos, a sugestão não vale para os chefes de Estado, conforme completou.

“Agora, tem alguns protocolos de chefes de Estado que evidentemente precisam ser considerados, porque nós temos chefes de Estado que se diferenciam pela sua geopolítica no mundo. Então, a China é uma, Estados Unidos é outra, Israel provavelmente, Rússia. Esses precisam ser considerados e tentar achar a melhor alternativa em conjunto com o país.”

O secretário também considera a possibilidade de punições para cobranças abusivas. “Existe uma legislação específica do País que proíbe determinado tipo de abuso também”, afirma. “[Cabe] Dizer que eventualmente podemos usar a própria legislação para poder proibir esse tipo de coisa. E já está tendo”, comentou.

Segundo Correia, Belém tem capacidade para receber os 40 a 50 mil pessoas esperadas, entre chefes de Estado, diplomatas, investidores, empresários, jornalistas, ativistas e membros de delegações de 193 países.

Depois dos apelos, ele diz acreditar que a expectativa de demanda ainda seja superestimada e que a capital paraense conseguirá acolher a todos os que vierem para o evento.