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Patos,09/03/2025

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Centenário de Inezita – Estadão

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Centenário de Inezita – Estadão

[Editada por: Marcelo Negreiros]



Uma Academia de Letras também se justifica pela vocação de manter viva a memória de seus integrantes. O encadeamento de existências singulares, que perpassam gerações e que têm, talvez como único entrelaçamento, a circunstância de terem sido escolhidas para representar uma época, mostra a marcha inevitável do tempo. Ele se esvai, não pode ser bloqueado. Mas pode ser recuperado num átimo, se exercitada essa capacidade mágica de se transportar ao terreno das lembranças.




Em 4 de março de 2025, Inezita Barroso teria completado cem anos. Ela não é uma: é múltipla. Folclorista, cantora, instrumentista, atriz, professora, mulher da TV. Colecionou troféus durante sua quase centenária carreira.


Foi a grande dama da música autêntica, nascida Ignez Magdalena Aranha de Lima, na Barra Funda. Sua família era bem formada e sua infância influenciada por distintas influências musicais. O convívio rural, na fazenda do interior paulista, fê-la desenvolver o amor pelo gênero genuinamente caipira.


Cursou biblioteconomia na USP, e se tornou incansável pesquisadora da música adotada como lema existencial. Percorreu o interior do Brasil e resgatou histórias e canções. Seu trabalho foi reconhecido e era chamada a falar sobre folclore em espaços culturais e Universidades de todo o país. Era uma verdadeira enciclopédia viva de música e folclore e se tornou Doutora Honoris Causa da Universidade de Lisboa.




Aos vinte e cinco anos surgiu o nome artístico, resultado da junção do apelido de infância ao patronímico do marido. Em 1951 fez a primeira gravação pela Sinter e, a partir daí, gravou mais de cem discos. O primeiro DVD, “Inezita Barroso: cabocla eu sou”, foi lançado em 2013 e sintetiza seus mais de sessenta anos de carreira a disseminar a autêntica música do campo brasileira.


Seus mais de duzentos prêmios incluem o Sharp de Música na categoria melhor cantora regional, o Grande Prêmio do Júri do Movimento de Música, o Roquette Pinto de melhor cantora de rádio da música popular brasileira. A APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte a reconheceu como a melhor cantora de música popular em 2010.


No ano anterior, recebeu do Governo do Estado de São Paulo a Comenda da Ordem do Ipiranga, na categoria Grande Oficial, por seu permanente compromisso com as raízes culturais do Brasil e pela imensa contribuição para a disseminação da cultura mais autêntica da gente dos rincões desta Pátria continental.


A convite e por insistência de seu grande amigo Paulo Bomfim, aceitou concorrer à vaga da Cadeira 22 da Academia Paulista de Letras e foi eleita em 11 de setembro de 2014. Infelizmente, não chegou a tomar posse, vindo a falecer em 8 de março de 2016.


Uma legião de brasileiros estava acostumada a vê-la semanalmente na Fundação Padre Anchieta, a TV Cultura, a comandar o “Viola Minha Viola”, em que esteve desde 1980 até 2015. Foi um dos mais longevos programas da televisão brasileira. Foram gravadas mais de mil e quinhentas edições. Generosa, projetou cantores, intérpretes e compositores, dividindo sua merecida fama com iniciantes que, graças a ela, obtiveram em seguida muito sucesso.


No rádio, esteve durante muitos anos na Record, na Rádio USP e Rádio Cultura AM, por mais de dez anos, apresentou o programa diário “Estrela da Manhã”.


Pessoalmente, Inezita era de uma cativante simpatia. Sorridente e amável, a todos atendia com gentileza e não se recusava a ouvir composições, além dos relatos pormenorizados de carreiras iniciantes e de sonhos que ela ajudava a converter em realidade.




Em casa de Paulo Bomfim, almoçava, encantava os presentes com suas divertidas estórias, sempre extraídas de um permanente convívio com gente do campo e da lavoura. Não se furtava a cantar em seguida, pois nunca deixava de se fazer acompanhar por seu violão, o amigo de todas as horas. Em torno à sua fulgurante pessoa, deleitavam-se os frequentadores da mesa farta e do encanto do lar de Emy e Paulo Bomfim, que também se foram, deixando um vazio no coração de privilegiados comensais. Ávidos pelas delícias de Lúcia e pela conversa encantadora do casal. Inezita era praticamente da família daquele que foi decano da Academia desde 23 de maio de 1963. Hoje, no etéreo, continuam os diálogos que encantaram gerações.





[Por: Estadão Conteúdo]


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