Preço da fama: o impacto na saúde mental das celeb…

[Editado por: Marcelo Negreiros]
Após os recentes casos de suicídio de celebridades na Coreia do Sul, especialistas em K-pop, tanto locais quanto internacionais, começaram a se manifestar. Eles pedem que a sociedade sul-coreana reavalie sua abordagem à saúde mental dos artistas, que frequentemente enfrentam um julgamento implacável devido aos padrões morais, profissionais e estéticos irreais impostos às figuras públicas.
O apelo surge na esteira das mortes da atriz Kim Sae-Ron, aos 25 anos, em fevereiro, e do cantor de R&B Wheesung, aos 40 anos, na última segunda-feira. Ambos foram alvo de duras críticas e ostracismo, fatores que, segundo especialistas, podem ter contribuído para o agravamento da depressão severa que enfrentavam.
Lee Jong-Im, professor da Escola de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Tecnologia da Informação da Universidade Nacional de Ciência e Tecnologia de Seul, concedeu uma entrevista a jornais coreanos na qual afirmou que a “sociedade sul-coreana frequentemente considera os erros das celebridades como irredimíveis”:
“Existe uma crença predominante de que figuras públicas devem ser perfeitas em todos os aspectos simplesmente por serem famosas, o que é irrealista. Muitos artistas começam suas carreiras ainda jovens e estão em fase de aprendizado sobre o mundo. A expectativa de que devam sempre agir com impecável profissionalismo é problemática”, destacou Lee. Ele também ressaltou que “a incapacidade de discutir abertamente questões de saúde mental agrava ainda mais a situação.”
O professor também alertou para a pressão exercida pelas redes sociais e a perseguição constante por parte de fãs e da mídia, que intensificam o sofrimento dos artistas:
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“A cobertura midiática e os comentários de ódio nas redes sociais atuam de forma combinada, levando muitas celebridades ao seu limite. Resolver essa questão exige maior educação midiática, conscientização e responsabilidade ética dos usuários, mas ainda não há uma solução clara.”
Grace Kao, professora de sociologia na Universidade de Yale, também abordou a pressão desproporcional sobre os artistas sul-coreanos em comparação com celebridades de outros países:
“Os ídolos sul-coreanos estão sob um peso adicional, pois não basta que sejam talentosos, mas precisam manter um padrão impecável de aparência e comportamento. Quando falham em atender a essas expectativas, a reação do público pode ser extremamente severa. Por exemplo, compare as respostas dos fãs internacionais e coreanos ao caso de Suga, do BTS. Normalizar a terapia para ídolos cuja saúde mental está em risco seria um grande avanço. Além disso, incentivar comentários mais gentis nas redes sociais também ajudaria a mitigar essa pressão”, afirmou Kao.
Kim Sae-Ron era uma atriz em ascensão, mas viu sua carreira desmoronar após um incidente de embriaguez ao volante em 2022. Apesar de ter enfrentado as consequências legais, o assédio virtual incessante prejudicou suas tentativas de retorno à indústria, afetando gravemente sua saúde mental.
Assim como Kim Sae-Ron, Wheesung, um dos pioneiros do R&B sul-coreano, enfrentou um declínio público devido a alegações de abuso de substâncias. Apesar de ter cumprido todas as medidas legais impostas pela Justiça, foi afastado tanto pela indústria quanto pelos fãs. A causa de sua morte ainda não foi oficialmente confirmada, mas o cantor já havia revelado sofrer de depressão e transtorno do pânico, agravados por dificuldades pessoais, incluindo a perda de seu pai em 2018.
O debate sobre a saúde mental no entretenimento sul-coreano segue ganhando força, mas especialistas alertam que mudanças estruturais e culturais são necessárias para garantir o bem-estar das celebridades e evitar novas tragédias.
[Veja Cultura]
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